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Em meio as cinzas da comunidade 8 de Março ainda existe esperança

Os moradores e pessoas de assentamentos vizinhos tentaram controlar o fogo, antes da chegada do Corpo de Bombeiros.

  • Isabela de Meneses/Viagora Moradora que perdeu tudo com seu filho de 8 anos 1 / 9 Moradora que perdeu tudo com seu filho de 8 anos
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“Era muito fogo, aquela correria toda, tentando tirar a criança, foi muito difícil”, esse é o relato de Meireles e de muitos sem-terras do assentamento 08 de março, localizado no povoado Chapadinha Sul. O local foi tomado pelo fogo na tarde desse domingo (15), deixando dezenas de famílias desabrigadas e uma criança de 1 ano e 11 meses morta.

De acordo com o relato de uma das famílias que perdeu a casa e todos os pertences para o incêndio, o fogo começou a se alastrar por volta das 12 horas de ontem. O foco teria começado em um dos barracos localizado na região central da comunidade. Além disso, os moradores contaram que a mãe da criança que faleceu, mudou para o assentamento, apenas 15 dias atrás.

Ediane Gomes dos Santos é uma das pessoas que está desabrigada por conta do fogo e contou que mora no local desde a fundação, em 08 de março de 2016. A mulher fazia o almoço quando foi surpreendida com a correria e as chamas.  “Na hora do almoço, na hora que fui fazer o almoço. Tirei o botijão, algumas panelinhas, só que o resto, roupa, fogão, queimou tudo, não deu tempo, foi ligeiro, num instante”, relatou enquanto olhava para a casa, totalmente destruída pelas chamas.

A moradora, que estava com o filho, uma criança de 8 anos, disse que pretende continuar morando no local, recomeçar do zero, mas dessa vez com uma estrutura melhor, de forma regularizada e mais segura. “Eu quero continuar aqui, quero que venham medir os lotes para nós, para a gente fazer uma casa... ninguém quer mais acampar, quer uma casa, em um terreno da gente mesmo”, explicou Ediane.

Os moradores e pessoas de assentamentos vizinhos tentaram controlar o fogo, antes da chegada do Corpo de Bombeiros, derrubando barracos. Mesmo assim, o vento, a vegetação e o sol intenso, ajudaram o fogo a espalhar. Meireles, uma dessas pessoas que arriscou a vida, para ajudar a comunidade, acabou quebrando o braço direito, quando uma das construções caiu por cima dele.

“A gente tenta derrubar alguns barracos, para evitar o fogo passar para os outros, e foi isso que aconteceu. Eu e o companheiro Matias tentamos derrubar o barraco, só que ele veio de uma vez, ele gritou para eu correr, mas não deu tempo e o barraco caiu todo em cima de mim. Minha sorte foi que ele viu, tentou tirar, não conseguiu, mas pediu ajuda, e o fogo estava bem próximo. Se não fosse ele, eu teria morrido, porque o barraco me cobriu todo e ninguém ia me ver, não adiantava gritar”, relatou o homem.

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Frederico, explicou como estão atuando no momento, já que ainda existem pequenos focos de incêndio, que mantem os moradores alertas. “Nós temos alguns focos que são normais após o combate, mas uma viatura do corpo de Bombeiros, de menor porte já vem para aumentar o nível de segurança, mas são focos isolados, que possivelmente não tenha nenhuma repercussão aqui, mas precisamos nos manter atentos a tudo”, explicou.

O secretário de administração do Governo do Estado, Franzé Silva, também visitou o local na manhã de hoje (16) e deu esperança para as famílias do assentamento, apontando para uma possível regularização da terra. “Vamos discutir com o Incra a situação da regularização fundiária, não podemos deixar de ir para discussão do que é estruturante.  Estaremos fazendo reunião com MST e órgãos que atuam nessa área, para fazer ações preventivas. Vamos tratar nesse e em outros assentamentos”, disse o secretário.  

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