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Autor de filme anti-Islã é condenado a um ano de prisão nos Estados Unidos

Condenação se refere a caso de fraude bancária e não ao longa polêmico. Filme retrata profeta Maomé de maneira ridícula e causou revolta no mundo.

O autor do filme anti-Islã que desencadeou uma onda de violência nos países árabes foi condenado nesta quarta-feira (7) a um ano de prisão por violação de sua liberdade condicional em um caso de fraude bancária datado de 2010, anunciou um tribunal de Los Angeles.

Mark Basseley Yussef, de 55 anos, conhecido anteriormente pelo nome de Nakula Basseley Nakula, reconheceu ter utilizado diversos pseudônimos, violando sua liberdade condicional. Ele admitiu culpa em quatro das oito acusações - nenhuma das oito é relacionada ao filme.
Imagem: ReproduçãoNakoula Basseley Nakoula, responsável por filme anti-islã, é preso nos EUA em setembro(Imagem:Reprodução)Nakoula Basseley Nakoula, responsável por filme anti-islã, é preso nos EUA em setembro
Filme anti-Islã
O filme "Inocência dos Muçulmanos" foi dirigido e produzido por Nakoula Basselet Nakoula, sob o pseudônimo de Sam Bacile, que afirmou que o Islã é "uma religião do ódio".

Imagens da produção tosca estão disponíveis no YouTube.

Documentos judiciais confirmam que Nakula Basseley Nakula foi condenado a 21 meses de prisão em 2010 por fraude bancária e que morava na localidade de Cerritos, ao sul de Los Angeles. Ele foi preso em 27 de setembro, por violar as condições de sua liberdade condicional.

Em entrevista logo após o filme chamar a atenção, ele disse que a produção foi financiada com US$ 5 milhões (R$ 10,1 milhões) levantados a partir de doações de judeus, os quais ele não quis identificar.

Ele afirma ter trabalhado com 60 atores e uma equipe de 45 pessoas na Califórnia, durante três meses, no filme de duas horas. "O filme é político. Não religioso", disse.

Atores afirmaram terem sido "enganados" durante a produção e que, em nenhum momento, o nome de Maomé era citado no set.

Cenas do filme mostram uma produção desconexa, retratando o profeta muçulmano Maomé várias vezes como um mulherengo, homossexual, molestador de crianças, um falso religioso e sanguinário.

Para muitos muçulmanos, qualquer representação do profeta é uma blasfêmia.

Caricaturas ou outras caracterizações feitas no passado e consideradas insultuosas enfureceram muçulmanos em todo o mundo, provocando protestos e a condenações por parte de funcionários, pregadores, muçulmanos comuns e mesmo muitos cristãos.

A primeira parte do filme, situada na era moderna, mostra cristãos coptas egípcios fugindo de uma multidão muçulmana enfurecida. A polícia egípcia olha enquanto a multidão quebra uma clínica onde um médico cristão trabalhava.

Em seguida, aparece um médico conversando com sua filha sobre o que faz um "terrorista islâmico".

Depois disso, as cenas mostram episódios históricos da época do profeta, a maioria em cenários onde os atores estão claramente sobrepostos a um fundo de deserto.

Maomé é mostrado como um "bastardo" ilegítimo, como um mulherengo e homossexual. Uma cena mostra ele em um aparente ato sexual com uma de suas esposas e mais tarde com outras mulheres.

Em outra cena, um sacerdote cristão se oferece para elaborar um texto religioso a partir de versos da Torá judaica e do Novo Testamento cristão para transformá-los no que ele chama de "versos falsos" -- uma aparente referência à gênese do Corão.

Em outras cenas, Maomé é retratado como um líder sanguinário, incentivando seus seguidores a saquear lugares que eles atacam e dizendo que eles podem usar as crianças da maneira que quiserem.

O longa-metragem foi defendido pelo polêmico pastor Terry Jones, que atraiu muitas críticas no passado, especialmente por queimar um exemplar do Corão e ter se oposto à construção de uma mesquita perto do Marco Zero, em Nova York.

Jones descreveu o filme como uma representação "satírica" da vida de Maomé. Ele disse que mostrou um trailer promocional após a realização de um "julgamento" simbólico do profeta.

A atriz Cindy Lee García, que interpreta uma mulher cuja filha é proposta em casamento a Maomé, afirmou que ignorava que o filme era uma propaganda anti-Islã. Ela disse ainda que os diálogos foram redublados após as filmagens.

Segundo ela, "não havia nada sobre Maomé ou os muçulmanos" no filme que participou.

Cindy Lee recorreu para retirar o filme do YouTube, por estar sofrendo ameaças de morte, mas teve seu pedido rejeitado por um tribunal da Califórnia.

A dublagem é facilmente perceptível nos 14 minutos do filme divulgados na internet, onde as palavras são grosseiramente inseridas nas sequências.
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