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Álcool e direção: combinação perigosa que transforma destinos

Em Teresina, a Strans tem realizado várias ações de educação no trânsito para ajudar na conscientização da população.

  • Divulgação/Strans Ações de educação no trânsito1 / 4 Ações de educação no trânsito
  • Divulgação/Strans As ações contribuem para conscientização2 / 4 As ações contribuem para conscientização
  • Divulgação/Strans As ações são realizadas pela Gerência de Educação no Trânsito e parceiros3 / 4 As ações são realizadas pela Gerência de Educação no Trânsito e parceiros
  • Divulgação/Strans As ações acontecem no decorrer do ano4 / 4 As ações acontecem no decorrer do ano

O áudio acima comprova que muitas vezes por imprudência os acidentes ocorridos no trânsito podem não só tirar vidas, mas provocar traumas graves, tristes marcas e transformar destinos.

  • Foto: Divulgação/FacebookO jornalista sobreviveu a um acidente de trânsito que aconteceu em 2016O jornalista sobreviveu a um acidente de trânsito que aconteceu em 2016

O jornalista Jader Damasceno foi o único sobrevivente do acidente de trânsito que matou os irmãos Bruno Queiroz e Júnior Araújo, integrantes do coletivo cultural Salve Rainha em 26 de junho de 2016. O carro em que ele e os irmãos estavam colidiu com outro veículo no cruzamento da Avenida Miguel Rosa com a Rua Jacob Almendra em Teresina.

Na época, foi constatado que o acusado de colidir violentamente contra o carro conduzido pelos integrantes do Salve Rainha, Moaci Júnior estava alcoolizado ao dirigir e não respeitou a sinalização na avenida.

Jader sofre com as sequelas físicas e psicológicas da colisão e revela que ainda está tentando refazer a sua vida. “ Eu ainda não consegui refazer minha vida, estou tentando, é lenta, gradual, é difícil, doloroso, não posso dizer que consegui refazer, posso dizer que estou tentando”.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos aproximadamente 1,3 milhões de pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante. Dos sobreviventes aproximadamente 50 milhões vivem com sequelas.

O trânsito é a nona maior causa de mortes do planeta.- OMS

De acordo com Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, atrás apenas da Índia, China, Estados Unidos e Rússia

Em Teresina, o Projeto Vida no Trânsito (PVT), da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), divulga relatórios trimestrais que mostram uma análise das vítimas de acidentes de trânsito que aconteceram na capital.

Conforme dados apontados no levantamento do segundo trimestre de 2018, em comparação com dados do mesmo período do ano passado, constatou-se que o número de vítimas fatais se manteve em relação ao mesmo período de 2017 e houve aumento de 0,8% no número de vítimas graves e de 7,6% no número de vítimas leves.

Segundo a gerente de Educação de Trânsito da Strans, Samira Motta, essas análises fazem parte do acompanhamento da situação fazendo parte das ações do Projeto, que tem como objetivo reduzir o número de mortes e lesões por conta dos acidentes de trânsito na cidade.

  • Foto: Divulgação/StransAção realizada pela Gerência de Educação no TrânsitoAção realizada pela Gerência de Educação no Trânsito

“ Nós temos intensificado as ações, sobre a campanha de beber não dirija, nós sempre fazemos panfletagem, palestras, o departamento vai nas empresas, nas escolas. A gente tem a fiscalização que é um ponto primordial nessa questão da bebida, esse trabalho de prevenção a gente faz mostrando que é perigoso que é arriscado porque infelizmente as pessoas tem muito medo da questão do bolso e por isso a fiscalização se torna mais eficiente quando envolve trânsito e bebida. As pessoas só respeitam essa fiscalização não porque é perigoso beber e dirigir ou pode matar alguém, é somente pela questão no bolso mesmo, a blitz pode pegar, ou meu carro pode ser rebocado, eu posso ser preso, e isso tudo se reverte se a pessoa for pega na blitz fizer o bafômetro e der positivo tudo se reverte, se pode pagar uma multa. No entanto, o problema é quando a bebida interfere nessa questão do acidente e você more, você mata, você fica paraplégico, você perde um membro a pessoa que você atropela morre, então tem vários fatores, porque não atinge só quem bebe, atinge pessoas que estão no trânsito, o trânsito é uma cosia que é de tudo mundo então eu tenho que prestar atenção no meu comportamento e nas pessoas que está ao meu redor”, explicou Samira.

Número de atendimentos no HUT

No mês de setembro, o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) registrou um aumento de 29,4% no número de atendimento de vítimas de acidentes de trânsito, se comparado com o mês de agosto.

Dr. Gilberto Albuquerque, diretor do hospital, informou que o mês em questão foi registrado o maior número de atendimento de vítimas de acidentes de trânsito em 2018. “ Essa informação é preocupante, pois os acidentes que chegam ao Hospital estão cada vez mais graves e revelam a imprudência no trânsito”, disse.

Ações Educativas ajudam na conscientização

A Strans tem realizado várias ações de educação no trânsito em escolas, universidades, faculdades, empresas e em eventos para a população. De acordo com a Samira Motta, essas atividades são realizadas desde o ensino infantil, com a Escolinha do Trânsito, até o ensino superior, com palestras e rodas de conversa.

  • Foto: Divulgação/StransPalestra nas escolasPalestra nas escolas

Outra medida que tem proporcionado resultados positivos é a realização de ações educativas nas vias de maior movimento da cidade, em parceria com os órgãos que fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito. Os motoristas recebem material educativo que promovem o alerta para a necessidade de um comportamento seguro e o respeito às leis de trânsito.

“ A realização das ações de fiscalização tem ajudado a diminuir acidentes e a inibir a ingestão de bebida alcoólica entre os condutores. A conscientização tem aumentado através das campanhas e ações, mas infelizmente o transito tem muitos exemplos ruins e então as vezes esperam acontecer para se conscientizar. As blitzen também são de extrema importância para essa conscientização. Essas blitzen educativas que a gente vem realizando e realizou ano passado a eficácia delas a gente percebe quando começa a ouvir as pessoas comentar e ver aflorado esse respeito pela fiscalização”.

É o caso do comerciante Lúcio Rodrigues, de 28 anos que já sofreu alguns acidentes de trânsito ao dirigir por conta da ingestão de álcool, mas se conscientizou com temor da fiscalização, através das blitzen na cidade. “ Hoje se eu for beber eu não dirijo meu carro, eu saio com alguém que não beba, ou volto de carona, porque sempre ficava com receio de passar por uma fiscalização e também depois que sofri alguns pequenos acidentes, percebi que eram pequenos para evitar um grande que me levasse a morte”, relatou.

  • Ilustração: ViagoraAlgumas regras de trânsito informadas pela Gerência de Educação de trânsito da StransAlgumas regras de trânsito informadas pela Gerência de Educação de trânsito da Strans

Sobre beber e dirigir no trânsito, a Gerente de Educação é enfática: Se dirigir não beba, se beber pega um taxi um, Uber, pegue uma carona com quem não bebeu, porque bebida e direção não combinam mesmo, em nenhuma hipótese. As pessoas têm que se conscientizar pela vida e não pelo bolso”.

“As pessoas têm que se conscientizar pela vida e não pelo bolso”, Samira Mota.

A psicóloga especialista em trânsito, Erlândia Oliveira falou sobre como a ingestão de álcool afeta uma pessoa ao dirigir no trânsito. "Na avaliação psicológica o dirigir envolve um processo muito grande como as funções psicológicas (memoria, atenção tomada de decisão) e cognitivas quando relacionadas a veicular (pensamentos, concentração, atenção) e isso tem vários estímulos no trânsito, auditivos e visuais, então o condutor tem que ter atenção um equilibro emocional e também tem que ter a questão do raciocínio lógico. No trânsito se ele ingerir bebidas com  a direção isso vai afetar todas as funções psicológicas e cognitivas vão estar todas comprometidas, então assim o risco dele ficar desatento é muito grande, pois isso vai tirar a atenção e concentração dele, a tomada de decisão também, pois ele não vai conseguir tomar decisões rápidas e acertadas. O trânsito envolve vários fatores de risco então para conduzir um veículo o indivíduo tem que ter uma boa memória e concentração, pois o trânsito é um ambiente repleto de informações. O ato de dirigir, a gente pensa que todo mundo tem essa habilidade e pode parecer simples, mas ele exige total atenção e tomada de decisão do condutor e quando tem o álcool essas funções psicológicas e cognitivas são todas afetadas”, explica.

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