“Temos muito a comemorar”, diz delegada Vilma sobre Dia da Mulher
Neste domingo, 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher e o Viagora conversou com a delegada Vilma Alves, que afirmou que as mulheres têm muito a comemorar na data.
Neste domingo, 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data é um símbolo da luta feminina por igualdade de direitos e pela valorização da mulher na sociedade, bem como de combate a todo tipo de violência praticada contra a mulher, seja em casa, na rua ou no trabalho.
O Viagora conversou com a delegada Vilma Alves, titular da Delegacia da Mulher de Teresina, que disse haver um sentimento de vitória da mulher na sociedade por todos os direitos já conquistados, mas que ainda falta muito para a mulher ter sua liberdade e dignidade totalmente respeitadas.
“Temos muitas coisas a comemorar. Primeiro é a conquista da nossa cidadania, o direito de ser respeitada, o direito da dignidade, o direito da liberdade. Esses três direitos constitucionais fortaleceram a mulher numa sociedade civil preconceituosa, machista. A mulher brasileira conseguiu sair do privado, do seu casulo, e ir para o público. São conquistas fundamentais, que fizeram com que a mulher estivesse onde eu estou e em múltiplos outros lugares, exercendo as mais variadas funções, inclusive aquelas que eram exercidas somente por homens. A mulher hoje tem o direito de, por exemplo, dizer que não quer ter filhos, de trabalhar sem ter atestado de laqueadura, de dirigir o carro que quiser. As mulheres guerreiras, que foram para as ruas queimar sutiãs contra a violência praticada contra inúmeras mulheres que foram mortas, expulsas de casas, enclausuradas em internatos. Elas se insurgiram contra a educação dada a elas nos séculos XVIII, XIX e XX. Hoje não somos impedidas de expressar os nossos sentimentos porque somos livres. A mulher que é estuprada hoje ela tem o direito de contar que foi estuprada para que o estuprador vá para a cadeia. A mulher hoje não precisa mais sofrer com os elogios falsos na rua, dentro do ônibus, nas praças, porque há uma Lei que garante que isso é crime, a Lei de Importunação Sexual. O homem não pode mais tocar na mulher, não pode assoviar, não pode chamar de “gostosa”, porque é um crime. Ela não é um objeto para ser aliciada. Por que temos que cantar vitória? Porque a mulher hoje pode ser empresária, montar o seu negócio, se formar na área que quiser sem precisar da aprovação do pai ou do marido”, disse a delegada.
- Foto: Hélio Alef/ViagoraDelegada Vilma Alves, titular da Delegacia da Mulher de Teresina.
Apesar da conquista de direitos constitucionais garantidos em lei, a mulher ainda encontra dificuldades para se fazer valer o disposto em novas leis como a Lei de Importunação Sexual. Questionada sobre, Vilma Alves afirmou que falta disposição do homem para entender a mulher como igual.
“Ainda falta muito. Mesmo com todas as leis, uma mulher não anda sozinha 7h da noite. Falta que os vencimentos sejam iguais, porque mesmo exercendo a mesma função que o homem, a mulher ainda ganha menos. Não existe a equiparação salarial. Falta a mulher ser respeitada em qualquer espaço que ela esteja, seja dentro ou fora de casa, na rua, no trabalho. A mulher ainda não é respeitada como devia ser. Falta o homem deixar de ter o olhar de preconceito, de achar que manda na mulher, de ver a mulher como objeto. Apesar da luta, a mulher continua vivendo em cárcere privado, sendo pivô de desconfiança”, comentou.
A delegada ainda deixa uma mensagem para as mulheres que encontram-se passando por alguma situação de violência neste Dia Internacional da Mulher.
“Queria dizer para essas mulheres não se isolarem, para não ter medo. Para esquecer esse sentimento de culpa, porque a mulher não é culpada de coisa nenhuma. A mulher é livre. Muitos homens se zangam e não gostam de ver o tanto que a mulher já se desenvolveu na sociedade. Então em qualquer situação de violência, seja um puxão de cabelo, seja um xingamento, procure a delegacia da mulher. Aqui em Teresina, nós temos quatro delegacias da mulher, uma em cada zona da capital, e ainda temos a Central de Flagrantes de Gênero, que funciona 24h por dia. Tem que denunciar, nós estamos lá para atende-la com essa finalidade. Não podemos deixar que esses agressores passem impunes pelos seus crimes.
Nesse Dia Internacional da Mulher, eu gostaria de homenagear todas as mulheres, na esperança que, em uma sociedade futura, nós possamos ter igualdade de direitos e que possamos conquistar os nossos direitos sem mais gritar, sem mais temer, mas com tranquilidade e paz”, finalizou.
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