Horticultores reclamam de prejuízos após enchentes na horta da Vila Apolônia
A comerciante Cícera Maria da Silva, relatou que complementa sua renda com as plantações da horta, mas disse que já perdeu diversos canteiros com os alagamentos causados pela inundações.
As fortes chuvas de Teresina fizeram com que o nível da água do Rio Parnaíba invadisse a extensão das colheitas da horta comunitária na Vila Apolônia, situada na zona Norte, e prejudicasse os moradores que tiram seu sustento da comercialização dos produtos.
O Viagoraesteve na horta Comunitária e constatou o cenário de destruição das plantações e os estragos causados pela chuva.
A comerciante Cícera Maria da Silva, de 50 anos, relatou que complementa sua renda com as plantações da horta, mas disse que já perdeu diversos canteiros com os prejuízos causados pela inundação no local.
"Aqui enche de água, tem muito mato crescendo e os canteiros ficam caindo, porque amolece o chão e os paus já estão muito velhos e caem. Além de ladrão também. Eu já perdi quase todos os meus canteiros. Já morreu plantio de quiabo, feijão, porque a água enche muito e fica tudo inundado. Também têm muito ladrão que rouba as nossas plantações”, relatou a comerciante.
A comerciante ainda afirma que os plantios na horta dão resultado, mas neste período chuvoso os horticultores perdem grande parte de sua plantação.
"Nós ficamos muito triste com essa situação, porque quando a gente está cultivando nossos plantios e nós temos muito resultado com o cheiro verde, a cebolinha e a pimentinha de cheiro. Nosso plantio rende muito, mas no inverno é só perdendo. A gente planta e morre, porque as lagartas comem também", afirmou Cícera Maria.
A horta comunitária da Vila Apolônia é coordenada por dona Graça, comerciante aposentada de 71 anos, que relatou os problemas nas plantações danificadas pelas fortes chuvas.
"O problema são os alagamentos. A água acaba com tudo, chega perto dos canteiros, destrói as plantações e ficamos sem poder plantar. A maioria das madeiras caem e nós já perdemos muitas plantações. A cebola não gosta de muita água e nossa área têm muito barro, quando plantamos morre tudo”, afirmou a horticultora.
Segundo dona Graça, a horta comunitária ajuda diversas famílias que tiram seu sustento ou complementam sua renda através do plantio de legumes e hortaliças. Ela pontua ainda que já perdeu mais de 1.000 reais em investimentos na sua plantação.
“Com a horta nós ajudamos muitas pessoas, pois não compramos mais as verduras já que plantamos na horta. Tudo que fazemos lá é pago, tudo que faço é fazer, agora mesmo eu coloquei um trabalhador para capinar o local. Nesse investimento já perdi mais de 1.000 reais, é só tirando dinheiro do meu bolso e nada de produção”, ressaltou Dona Graça.
Além do prejuízo com investimentos a coordenadora da horta ressalta que os animais também invadem o local e comem as plantações causando maiores danos.
“A cerca cai e também temos prejuízo com os animais entrando e comendo a plantação e agora nós vamos começar tudo do zero”.
Vitória, de 18 anos, é neta de uma horticultora da região e afirmou que o problema é recorrente no período chuvoso e que até o momento os horticultores não receberam uma ajuda de fato.
"Quando chove muito fica alagado, enche de mato e destrói todas as plantações. Até agora não temos nenhum auxílio, só a prefeitura que veio no primeiro dia que alagou. Conversaram com minha vó, tiraram foto, perguntaram como era a renda dela e foram embora. Perdemos bastante plantio, nós plantamos feijão e quiabo lá em baixo, mas paramos porque quando chover de novo vai encher. Esse problema acontece todo ano quando chove", relatou a jovem.
De acordo com a coordenadora do local, cerca de 46 famílias estão cadastradas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) para receber assistência na produção do plantio. Segundo a horticultora, as famílias estão desamparadas.
“Antes de tudo nós tínhamos 55 famílias cadastradas, mas atualmente nós temos 46 famílias cadastradas pela secertaria. As vezes temos ajuda, mas há um ano que não temos nenhuma assistência, geralmente eles nos fornecem uma cesta básica, mas nesse período só apareceu uma pessoa para perguntar como a gente estava”, afirmou a horticultora.
A coordenadora da horta também relata que já solicitou a visita de técnicos para fazer o cadastramento de novas famílias, mas até o momento nenhuma equipe da prefeitura resolveu o problema. “O nosso técnico que acompanha a região faz tempo que não vem. Eu já pedi para que eles viessem para que novas pessoas sejam cadastradas, porque tem outras famílias que entraram e elas precisam ser cadastradas”, finaliza.
Outro lado
O Viagoraprocurou a Secretaria Municipal de Agropecuária para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.
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