UFPI estuda esqueleto pré-colonial de indígena com má formação congênita
De acordo com a UFPI, Jéssica foi encontrada pelos alunos e professores das mencionadas instituições de ensino, e levada ao LOA para ser estudada com o intuito de fazer sua osteobiografia.
Nessa última quarta-feira (20), a Universidade Federal do Piauí (UFPI), divulgou que as primeiras análises feitas pelo Laboratório de Osteoarqueologia (LOA), sob a orientação da professora Claudia Cunha, expuseram resultados de um esqueleto de uma garota indígena no período pré-colonial, batizada pelos estudantes de “Jéssica”.
A Universidade destaca que os resultados intrigaram os pesquisadores, pois apresenta deficiência na coluna. O estudo do esqueleto, encontrado no Sítio Arqueológivo Toca do Olho D’Água dos Andorinhas, no Parque Nacional da Serra das Confusões, e também conta com a participação das Universidades Federais de Minas Gerais e vale do Rio São Francisco e Universidade de Paris X – Nanterre.

De acordo com a UFPI, Jéssica foi encontrada pelos alunos e professores das mencionadas instituições de ensino, e levada ao LOA para ser estudada com o intuito de fazer sua osteobiografia, ou seja, uma análise que busca saber como seria o indivíduo em vida (idade, sexo, estatura, condições de saúde, alimentação, entre outros. De acordo com a pesquisa, Jéssica teria cerca de 15-16 anos ao morrer, era indígena (com uma probabilidade de 99%), sem contribuição estrangeira na sua ancestralidade, e tinha cabelos negros e longos que estavam presos a uma trança quando foi depositada na cova.
A UFPI informa que as análises mostraram uma má-formação congênita no osso sacro, que é indicativa de uma patologia conhecida como Espinha Bífida. Por ser um caso severo, as alterações ósseas observadas no esqueleto indicam que ela teria dificuldade de locomoção da jovem. Os achados demonstram como Jéssica foi bem tratada pela comunidade à qual pertencia tanto em vida, quanto ao momento de sua morte.
A pesquisa sugere que ela foi uma menina muito bem cuidada pela comunidade na qual nasceu e que essas pessoas dedicaram tempo, recursos, conhecimentos médicos e atenção para que ela sobrevivesse a uma má-formação congênita em grau severo. Esta menina é o testemunho da empatia e da solidariedade do seu grupo para com alguém que necessitava disso para sobreviver, e também da capacidade das comunidades indígenas no que se refere aos cuidados de saúde”, disse a coordenadora do Laboratório de Osteoarqueologia, Cláudia Cunha.
Três discentes do Mestrado em Arqueologia da UFPI, Ana Luiza Freitas, Fernanda Lívia Costa e Bruna Brito, e mais um graduando do curso, Yuri Mesquita, participaram das pesquisas, informou a Universidade.
A coordenadora ressalta ainda que a Universidade de Paris X – Nanterre e a Missão Franco-brasileira no Piauí, por meio do Professor Eric Boëda, tem ajudado com parte dos custos e também proporcionado análises laboratoriais, como a datação por Carbono 14, que está em andamento. Já a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), através do Prof. Leandro Surya, tem colaborado com as análises de imagiologia do subsolo.
Ainda de acordo com a UFPI, as pesquisas na região da Serra das Confusões devem ser retomadas no final de julho e os pesquisadores esperam encontrar outras pessoas e mais objetos informativos sobre comunidade a que Jéssica pertencia.
“Pretendemos ampliar a escavação no sítio-cemitério de onde veio esta jovem, encontrar outros enterramentos da sua comunidade que nos ajudem a montar um retrato mais humano dessas pessoas que domaram a caatinga”, afirmou a professora Claudia.
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