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Família da estudante Fernanda Lages descarta influências políticas nos resultados da Polícia Federal

Por não acreditar na tese de suicídio, a família pretende pedir novas diligências

Em entrevista coletiva concedida na manhã de hoje (21/09), o advogado da família de Fernanda Lages, Lucas Villa, esclareceu o posicionamento dos familiares com relação aos resultados das investigações apresentados pelas Polícias Civil e Federal. De acordo com Villa, a família não acredita que o trabalho realizado pelas duas instituições tenha sido alvo de ingerência política destinada a encobrir o eventual assassino. No entanto, ele ressaltou que o nome de nenhum suspeito é descartado pela família da estudante, morta no dia 25 de agosto de 2011, nas obras do novo prédio do Ministério Público Federal.

Durante a entrevista, o advogado disse acreditar que Fernanda foi morta por um "psicopata", que se acha muito inteligente e que, possivelmente, é acometido por um transtorno de personalidade social. "O que me preocupa muito é que esse crime tenha sido praticado por um psicopata, uma pessoa que acha que está conseguindo enganar a Polícia Federal, a Polícia Civil, que acha que está conseguindo enganar a sociedade, a família e todo mundo", disse o representante da família Lages.

Olhando para as câmeras das emissoras de TV que faziam a cobertura da coletiva, Lucas Villa mandou um recado diretamente para o possível assassino de Fernanda, e chegou a compará-lo ao nazista Adolf Hitler. "Eu quero dizer pra pessoa - um recado direto - que essa pessoa não me enganou. Eu não vou desistir de você. Eu não vou desistir de você. Se você acha que é um gênio do mal, eu lembro o exemplo de Hitler, considerado um dos maiores gênios do mal, e que se deu mal no final. Nós não vamos desistir de quem quer que seja que tenha matado a Fernanda", alertou o advogado, que concedeu a entrevista acompanhado pela tia de Fernanda, Cassandra Lages, e pelos pais, Paulo e Josélia Lages.

Na oportunidade, Lucas Villa disse respeitar o trabalho realizado tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Federal. Contudo, ele ressaltou que o laudo da PF possui muito mais substância que o produzido pela Comissão Investigadora do Crime Organizado (CICO). De acordo com o advogado, muitos pontos que estavam obscuros foram esclarecidos pela investigação federal. Ele citou como exemplo a tese aventada pelos policiais civis de que Fernanda teria sofrido uma queda na escada do edifícil e, posteriormente, subido na mureta de proteção para se jogar de cima do prédio, mesmo estando com algumas costelas fraturadas.

Um dos pontos que, segundo a família, ainda precisam ser esclarecidos é a presença de uma terceira pessoa na obra, além de Fernanda e Nayra Veloso, uma vez que as investigações apontaram que as duas estiveram no prédio em obras do MPF por volta das 3 horas da madrugada, antes de Fernanda ter retornado ao local, supostamente sozinha.

Cassandra e Paulo Lages novamente levantaram suspeitas sobre a versão apresentada por Domingos Pereira, um dos vigias das obras onde Fernanda morreu. Eles disseram não compreender como uma pessoa responsável pela segurança do local tenha permitido a entrada de pessoas alheias à obra em diversas ocasiões, sempre durante a madrugada.

A família assegura que Fernanda nunca havia apresentado qualquer comportamento estranho, que apontasse para um perfil suicida. Além disso, eles também ressaltaram que o exame toxicológico feito em seu corpo atestaram que ela não havia consumido qualquer droga na noite da sua morte. "Nós temos certeza de que, pelo menos diante da família, a Fernanda nunca apresentou esse tipo de comportamento que estão dizendo", declarou a tia da jovem, rechaçando a informação de que a estudante tinha "surtos psicóticos", conforme informou a Polícia Federal durante apresentação do resultado das investigações na quinta-feira (20).

De acordo com o delegado José Edilson Freitas, da PF, algumas das pessoas que prestaram depoimento acerca do comportamento de Fernanda nos últimos meses antes de sua morte, relataram ter presenciado momentos de profunda tristeza e situações em que ela dizia ouvir vozes ou ver pessoas em lugares onde não havia ninguém. A tia de Fernanda enfatizou que, na presença da família, esse comportamento nunca fora apresentado.

Lucas Villa informou que somente depois da análise mais aprofundada do inquérito será possível que sejam pedidas novas diligências, como a autópsia psicológica, que confirmará ou derrubará a suposição de perfil suicida da estudante.

Por meio do exame será possível traçar um perfil psicológico mais preciso da jovem no período anterior à sua morte, com base na análise de escritos deixados por ela, mensagens e conversas com amigos e familiares mais próximos.

A família destacou que a principal motivação para o pedido de novas diligências é a certeza que têm de que Fernanda não cometeu suicídio.

A forma da queda do corpo - com a cabeça recebendo o primeiro contato com o solo -, pouco comum em casos de suicídio; além da hipótese de que os remédios para enxaqueca, combinados com bebida alcoólica, teriam motivado o suicídio, são alguns dos pontos questionados pela família.


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