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Assembleia Legislativa do Piauí devolve mandatos de deputados cassados em 1964

O requerimento que devolveu os mandatos, mesmo que simbolicamente, dos deputados, foi de autoria do deputado Fábio Novo(PT), que também prestou uma homenagem ao ex-deputado Jesualdo Cavalcante Barros.

Em sessão solene realizada na manhã desta terça-feira, (29) a Assembleia Legislativa anulou os atos da sessão extraordinária de 8 de maio de 1964 que cassou os mandatos de quatro deputados estaduais e três suplentes, por discordarem do regine ditatorial então implantado no Brasil pelo golpe militar.

O requerimento que devolveu os mandatos, mesmo que simbolicamente, dos deputados, foi de autoria do deputado Fábio Novo(PT), que também prestou uma homenagem ao ex-deputado Jesualdo Cavalcante Barros, atual prefeito de Corrente, que também foi cassado, na mesma época, do cargo de vereador de Teresina. Seu filho, Jesualdo Cavalcante Filho, recebeu em seu nome a “Medalha do Mérito Legislativo”, uma comenda criada para homenagear os que prestaram grandes serviços ao Poder Legislativo do Piauí.

Dos quatro deputados cassados apenas um se encontra vivo hoje, Celso Barros Coelho; e um suplente, José Francisco Paes Landim, que hoje é deputado federal pelo PTB. Os demais deputados foram: Deusdedit Mendes Ribeiro, Themístocles Sampaio Pereira e José Alexandre Caldas Rodrigues. E os suplentes Honorato Gomes Martins, Ubiracy Carvalho e Antônio Ubiratan Carvalho.

O presidente da sessão, deputado Themístocles Filho(PMDB), chamou para compor a mesa os representantes dos homenageados: Jesualdo Filho, Pedro Mendes Ribeiro, Francisco Pereiora Caldas Rodrigues e Luis Henrique Sousa Carvalho, que representou o pai, Ubiracy e o amigo Ubiratan.

Ao saudar os homenageados o deputado Fábio Novo enalteceu a coragem daqueles que enfrentaram o regime militar, “num momento em que quem discordasse da ditadura era considerado comunista e perseguido de forma violenta”. Ele lembrou ainda que no Piauí, além dos deputados e vereadores como Jesualdo, “muitos trabalhadores desapareceram sem deixar rastros ou notícias, e alguns professores como Antônio José Medeiros e Ubiracy Carvalho foram presos arbitrariamente”.

Fábio Novo também citou os artistas que conseguiram driblar a censura compondo músicas de protestos. “Destacamos as músicas que marcaram época por driblar o crivo do censor, como “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso; “Cálice”, de Chico Buarque; e o Bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, dentre outras que conseguiram cantar a liberdade de forma subjetiva.
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