MPF diz que Ciro Nogueira mantinha "estratégia de criminoso"
O relatório da PF, base para a denúncia da PGR, demonstra as pretensões do senador e de Márcio Junqueira para comprar o silêncio de Expedito Almeida.
A Polícia Federal realizou buscas e apreensões em endereços ligados ao senador Ciro Nogueira (Progressistas) no mês de abril deste ano. O parlamentar, junto com o ex-deputado Márcio Junqueira, foram denunciados pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal acusados de obstrução de Justiça.
- Foto: Josefa Geovana / ViagoraSenador Ciro Nogueira
Na denúncia, analisando os telefones apreendidos, o MPF relata a conclusão da Polícia Federal de que Márcio e Ciro “mantinham estratégia comum de criminosos”. Segundo a PF, os denunciados apagavam conversas, registros de chamadas e utilizavam diferentes números de celular.
As buscas em endereços de Ciro Nogueira levaram, ainda, às apreensões de mais de 200 munições de calibre restrito, inclusive de origem estrangeira, e mais de R$ 200 mil. Também foram apreendidos documentos que sugerem crime de peculato na apropriação de salário de assessor parlamentar indicado pela deputada federal Iracema Portella, esposa de Ciro, fato a ser melhor investigado em inquérito já requerido.
“O resultado destas buscas foi a obtenção de mais elementos de ligação entre Ciro Nogueira e a testemunha-chave, José Expedito, além do descortinamento de outros crimes praticados pelo senador”, relata a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Expedito é o ex-assessor que os parlamentares teriam tentado comprar o silêncio, fato que deu base à denúncia do MPF.
O Senador Ciro Nogueira e Márcio Junqueira, ouvidos pela Polícia Federal, teriam incorridos em contradição inequívoca com a prova decorrente da análise dos telefones. Segundo o MPF, Márcio Junqueira categoricamente afirmou que Ciro Nogueira nunca fez perguntas ao declarante sobre José Expedito.
“Ciro Nogueira ousou dizer que não conhecia qualquer relação entre José Expedito e Márcio Junqueira. Nesse depoimento, Ciro declarou que exonerou Expedito do cargo em comissão em seu gabinete em março de 2010 porque não tinha postura adequada, e que, após a exoneração de José Expedito em 2010, não manteve com ele qualquer relação funcional ou profissional”, escreveu Raquel Dodge.
A representante do Ministério Público Federal requereu a perda dos valores em dinheiro apreendidos na investigação, tanto os repassados a José Expedito, quanto as cédulas apreendidas nos endereços do senador piauiense.
Confira a denúncia do MPF na íntegra.
Ciro Nogueira
Raquel Dodge
Ministério Público Federal - MPF
Supremo Tribunal Federal - STF
Polícia Federal
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