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Elmano Férrer diz que Estado está um caos e defende mudanças

O candidato do Podemos é o primeiro a participar de uma série de entrevistas que o Portal Viagora está realizando com os políticos que concorrem ao Governo do Estado.

As campanhas eleitorais começaram oficialmente no país. Neste pleito, serão escolhidos o presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. No Piauí, dez nomes disputam o Governo do Estado. O Viagora está realizando uma série de entrevistas com os candidatos ao cargo do poder executivo estadual.

Eleito senador pelo PTB em 2015, Elmano Férrer (Podemos), já foi vice-prefeito de Teresina em 2004, sendo reeleito no ano de 2008 e assumiu o cargo de prefeito da capital em março de 2010. Ele foi ainda secretário estadual de planejamento (1991-1995), secretário do Trabalho, Desenvolvimento Econômico, Tecnológico e Turístico do Piauí (2005-2006) e técnico da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraCandidato Elmano Férrer durante entrevistaCandidato Elmano Férrer durante entrevista

Durante entrevista o candidato, dentre outros assuntos, falou sobre a atual situação do Estado do Piauí, apoio de João Vicente Claudino e expôs algumas das propostas que pretende implementar, caso seja eleito.

Viagora: Candidato Elmano, qual a análise que o senhor faz da atual situação do estado do Piauí?

Elmano Férrer: A situação do Estado do Piauí é muito crítica, muito delicada. O que nos leva a dizer que está um caos. Primeiro, o Estado está gastando muito mais do que arrecada. Segundo,o governador atual desde 2015 iniciou a campanha para este ano. Ou seja, passou quatro anos em campanha para 2018. E isso levou a montar uma superestrutura no Estado, várias coordenações, criou uma infinidade de secretarias, chegou ao ponto de que algumas pessoas dizem que há 69 órgãos para administrar o Estado. Outros dizem que são 74. Então o governo está gastando muito além do que recebe. Há um desajuste fiscal. De outra parte, o governo, para sustentar essa superestrutura, passou a fazer empréstimos. O Senado Federal aprovou em 2016, dois empréstimos internacionais da ordem de 315 milhões de dólares junto ao Banco Mundial, ou seja, 1 bilhão de reais. Começou 2016, com o saldo de financiamentos feitos para estes empréstimos todos serem aplicados em obras de infraestrutura, como estradas, rodovias, barragens e etc. E nada fez. Em 2016 também, o governo recebeu a soma de mais de 350 milhões de reais de repatriação. Em 2017, foi requisitado pelo governo à Caixa Econômica dois outros empréstimos, um de 600 milhões e outro de 315 milhões. Então a verdadeira situação financeira e fiscal do Estado é um caos. De chegar ao ponto do governo pegar dinheiro do Plamta dos funcionários, recolhendo o contracheque para pagar as clínicas e os hospitais e não o fez. Chegou-se a um desarranjo fiscal no Estado. O governo tira do contracheque e em vez de dar aos bancos, apropria-se indevidamente do recurso, levando o servidor público a inadimplência. Eu nunca vi uma desarrumação fiscal no nível que está o Estado do Piauí.

Viagora: Caso seja eleito, o senhor pretende fazer uma reforma administrativa? Diminuir as secretarias?

Elmano Férrer: A primeira coisa que farei se eleito é formar uma equipe do mais alto nível e competência, pessoas certas no lugar certo, um perfil eminentemente técnico, para enfrentar os desafios. Temos no Piauí pessoas competentes para formar um grande secretariado, como eu o fiz quando fui prefeito de Teresina. Reuni pessoas altamente capazes de diversas áreas e isso resultou em ótimos resultados na nossa administração. A primeira coisa a fazer é ter planejamento de gestão. Depois de eleito e formada a equipe, vamos conversar com a sociedade. Já entregamos um plano de governo, de acordo com a legislação eleitoral. Vamos nos reunir com a sociedade para formação de um plano estratégico de desenvolvimento. Segunda coisa, vou formar uma equipe interinstitucional para analisar todos os contratos que temos no Estado. Contratos de obras, contratos de prestação de serviço. Para analisar a fundo as dívidas do Estado e rever contratos, muitos corrigidos ilegalmente e superfaturados, e vamos fazer um levantamento das obras paradas.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraCandidato Elmano Férrer durante entrevistaCandidato Elmano Férrer durante entrevista

Viagora: O senhor está satisfeito com o apoio do partido a nível nacional? O João Vicente Claudino também está dando apoio a sua candidatura?

Elmano Férrer: Nós temos um grande líder nacional. O partido Podemos nasceu no ano passado e acabou de completar um ano. Hoje temos cinco senadores e 17 deputados federais. Dos cinco senadores, um é candidato a presidente da República e três outros são candidatos a governador de seus respectivos Estados: Espírito Santo com a senadora Rose de Freitas, Rio de Janeiro com o senador Romário Faria e o Piauí com Elmano Férrer. A nossa meta é termos 22 deputados depois dessa eleição. Temos sim o apoio do João Vicente. O partido tem nos apoiando muito também. Recebemos recursos do fundo partidário, que é pequeno, mas vamos fazer milagres com esses recursos. Sobre João Vicente, ele voltou a filiar-se ao PTB e afastou-se um pouco da política, por questões empresariais e familiares. Mas, de forma discreta, ele tomou a decisão de não pleitear sua reeleição ao senado em 2014. Depois deixou a presidência do PTB, em 2015. Em 2016 se desfiliou do partido. Em 2017 voltou a filiar-se de forma discreta, não querendo ser candidato. Eu, mesmo sendo de outro partido, gostaria de vê-lo como candidato ao Governo do Piauí.

Viagora: Candidato, vários são os problemas da Educação no Estado. Qual a sua proposta para essa área?

Elmano Férrer: Quando fui prefeito de Teresina, fiz muito pela Educação. A Educação é de suma importância na vida da sociedade. A Educação é um direito garantido pela constituição Federal, Estadual e Lei orgânica. Para se ter uma boa educação tem que ter um bom professor, a Alemanha deu um exemplo, lá quem tem o melhor salário é o professor. Quando fui prefeito dei o maior aumento para os professores da história da prefeitura. A primeira coisa que temos que fazer é investir em qualificação do professor, o professor é aquele que vai transmitir o conhecimento. Ainda como prefeito, eu iniciei a climatização das escolas, pois o rendimento da professora e do aluno eram ruins devido ao grande calor. Deve-se investir no ambiente da escola, não só a climatização, mas por exemplo, a merenda. Eu entrava nas escolas sem avisar, ia nos banheiros, ia na cozinha, olhava a dispensa para analisar o estoque. Era tudo fiscalizado, eu entrava nas salas de aula e perguntava aos alunos como tinha sido a merenda, o almoço e lanche. Tivemos também na minha gestão uma escola modelo pró infância, aquela que tem berçário. Eu tenho que contar esse exemplo do desmoronamento de uma família para você entender o quanto isso afeta sociologicamente falando, se a educação não tiver estrutura. Um rapaz do Extremo sul casou com uma menina de outra região e eles trabalhavam no comércio, aí eles tiveram o primeiro filho a esposa ficou seis meses de licença maternidade e depois quem ia cuidar da criança? A família de ambos morava muito distante. Por conta disso ela teve que deixar o emprego e aquele casal passou a ganhar a metade do que ganharam (Elmano se emociona, nesse momento da entrevista) e a família se destruiu. A proinfância é um modelo de escola que tem berçário. Depois dos seis meses, a criança tem que ter um local assim para os pais quando saírem para o trabalho deixar a criança, e assim não atrapalhar a renda familiar e a criança estará segura. No bairro Emanoel Evangelista tem o berçário, que fizemos. Então tem esse lado social, hoje os dois trabalham. Minha mãe não trabalhou era doméstica, mas hoje é diferente e isso é um problema seríssimo. Voltando a educação temos que valorizar o professor, as escolas precisam ter uma estrutura mínima, merenda. Nós sabemos que creche com berçário é caro, tem um custo por crianças, mas é necessário. No ensino médio temos que dar atenção a profissionalização. A preocupação tem que ser o jovem aos 18 anos sair como uma profissão para imediatamente inserir no mercado de trabalho e depois ele escolher o ensino superior que ele quiser seguir, mas já profissionalizado.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraCandidato Elmano Ferrer durante entrevista ao ViagoraCandidato Elmano Ferrer durante entrevista ao Viagora

Viagora: O Piauí é o estado que menos investe em segurança Pública, segundo levantamentos. Qual a sua proposta para Segurança?

Elmano Férrer: Há 25 anos, quando eu fui secretário de planejamento, a Polícia Militar tinha cerca de 7.180 homens em operação. Hoje tem 5.850. Ora, em 25 anos, o crime se aperfeiçoou, se organizou e colocou uma célula do PCC, o Comando Vermelho e a população aumentou. O certo era ter em torno de onze mil policiais militares. Nós temos aproximadamente 1.460 policiais civis, quando o ideal seria mais de três mil. Bombeiros nós temos 310, quando devia ter 1.500. São as três grandes áreas da segurança, sem falar no problema das penitenciárias. O problema é grave na segurança. Hoje as quitandas e os comércios são gradeados, se a pessoa quiser comprar alguma coisa tem que comprar em uma espécie de prisão. Porque não tem segurança. Os carros estão nas oficinas, não estão nas ruas porque o Estado não dá manutenção e não tem dinheiro nem para o combustível. Repito que Estado está um caos e eu tenho a solução para essa se outras áreas. Chama-se planejamento e gestão. Eu assumindo em janeiro vou botar pessoas competentes. Todas as polícias estão desaparelhadas e hoje tem uma série de coisas que parecem não ser prioridade para o governo. Temos que resolver o contingente, aparelhamento. A gente vai nas delegacias e não tem como fazer um boletim de ocorrência. E eu tenho projeto de informatização dos procedimentos nas delegacias, é um projeto nacional e já foi aprovado. Resumindo: melhorar o contingente e fazer o planejamento do setor.

Viagora: Falando sobre geração de emprego e infraestrutura, sabemos que o Piauí tem o maior parque de energia solar, e também é um grande produtor de energia eólica, no entanto ela só é vendida. Esse potencial não deveria estar sendo melhor aproveitado aqui mesmo, para atrair indústrias e emprego para o Estado?

Elmano Férrer: Eu fui superintendente da Sudene e meu objetivo era redução da pobreza e desigualdade na própria Região Nordeste, em que poucos ganhavam muito e muitos ganhavam pouco. Há a desigualdade interregional. Eu sei o que é uma seca. Então sobre geração de emprego, nós somos um estado rico e o povo é pobre. Temos que transformar essas potencialidades em bem estar coletivo, renda. Os nossos minérios são fantásticos, os nossos cerrados são uma área de produção grande, Gurguéia é rico no subsolo, há potencial de geração de energia limpa que são, como você citou, energia solar e eólica. Além disso temos outras atividades para a geração de emprego, que vai depender do planejamento de uma política de atração. Temos que vender o que tem de bom no Piauí para atrair investimento. Hoje não temos isso porque o governo não quer, é a política pela política. Temos um governador que já deram 12 anos para ele, e ele quer agora mais 4 anos. O povo tem que saber escolher seus governantes. Hoje a produção de energia é toda interligada. O nosso problema e que nós produzimos as energias eólica e solar, elas são vendidas e o comprador é da Região Sul e o imposto acaba sendo no consumo e não na geração. Temos que discutir isso.

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