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“Prorrogação vai gerar desemprego”, diz Ciepi sobre decreto

O presidente do Ciepi, Andrade Júnior, afirmou que a decisão do Governo Estado de prorrogar o decreto de isolamento no Piauí vai gerar aumento nos índices de desemprego e insegurança.

Na última quarta-feira, 20 de maio, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), assinou um novo decreto prorrogando o regime de quarentena e isolamento social no estado até o dia 8 de junho. Com isso, permanece a determinação de que apenas serviços considerados essenciais, como supermercados e farmácias, têm permissão para manter suas atividades funcionando.

Ao longo das últimas semanas, representantes dos setores do comércio e da indústria têm manifestado sua insatisfação com a suspensão das suas atividades no Piauí, afirmando que os empresários já enfrentam dificuldades financeiras para manter seus negócios e o quadro de funcionários.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado do Piauí (Ciepi), Andrade Júnior, disse, em entrevista ao Viagora, que a categoria foi pega de surpresa com a prorrogação do decreto estadual, que esperava o anúncio da volta das atividades.

  • Foto: Divulgação/AscomPresidente do CIEPI, Andrade Júnior.Presidente do CIEPI, Andrade Júnior.

“O setor industrial estava esperançoso da volta das atividades agora no dia 1º, e mais uma vez é pego de surpresa. O que nos deixa preocupados é a falta de um plano objetivo que a indústria e o setor produtivo possa se pautar. Imagine que se quando chegar próximo ao dia 7, este decreto é prorrogado novamente. Por quanto tempo essa prorrogação acontecerá? A gente vê com muita preocupação essas constantes prorrogações, porque isso demonstra uma falta de planejamento do Governo do Estado”, declarou.

Andrade Júnior comentou que o setor espera que o Governo do Estado esteja desenvolvendo um plano acerca da volta das atividades e que haja mais alinhamento com a indústria e o setor produtivo.

“Nós já estamos padecendo há 60 dias parados, todo o setor produtivo, só não parou a indústria de alimentos e produtos essenciais. Imagine todas as indústrias paralisadas, o que isso está causando de prejuízo para as empresas, para os trabalhadores, porque muita gente já está sendo demitida. Essa ação do Governo do Estado de prorrogar mais uma vez [o decreto de isolamento] vai gerar mais desemprego, mais insegurança, porque se a empresa passa 60 dias sem faturar, não tem como manter os funcionários, ainda mais que 90% de nossas indústrias são pequenas, são indústrias que para permanecerem vivas têm que faturar todo mês”, disse.

Na opinião do presidente do Ciepi, a retomada das atividades industriais no Piauí já é possível de imediato, se tomadas diversas medidas de segurança.

“Nós já temos um plano de volta às atividades. Eu acho que nós já podemos voltar ao trabalho imediatamente, a partir de segunda-feira, se quiserem. Claro, de forma gradual e com segurança, para que não haja infecção entre os trabalhadores, mas nós temos que voltar, não dá para ficar parado”, afirmou.

Questionado se o setor apresentou o plano de retomada aos governos estadual e municipal para discutir a possibilidade de reabertura, Andrade Júnior comentou que houve essa apresentação, mas que os gestores não estiveram abertos ao diálogo.

“Nós já apresentamos, mas não há diálogo com nenhum dos dois. Ainda há o diálogo apenas para formalizar o encontro, mas eles não consideram nenhuma das ideias do setor produtivo. [...] Na CLT, há um artigo que é conhecido como fato do príncipe. E ele diz que quando o ente público toma atitude de paralisar a sua empresa, na hora de demitir os empregados, ele teria que arcar com os encargos. Mas há muita controvérsia nesse artigo. Isso remedia apenas uma parte da situação, mas a não venda, o desemprego que é gerado, não resolve. O que resolve o problema é voltar às atividades com segurança. Nós temos condições de trabalhar com EPIs, mantendo o distanciamento, mantendo a higienização, nós já sabemos como tratar disso”, finalizou.

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