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Estados Unidos bloqueiam reforma do FMI que daria mais peso a nações emergentes

Os Estados Unidos, maior contribuinte do FMI, que possui 188 membros, é o único país do G-8 que ainda não ratificou um aumento dos aportes.

Os Estados Unidos estão bloqueando a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), fazendo valer seu enorme peso na instituição para frear as mudanças acordadas em 2010, que deveriam dar maior participação às nações emergentes nas decisões.

Os Estados Unidos, maior contribuinte do FMI, que possui 188 membros, é o único país do G-8 que ainda não ratificou um aumento dos aportes.

Este aumento dobraria os recursos do FMI a 767 bilhões de dólares, mas implicaria em uma reforma da estrutura de governança para uma maior representação dos países emergentes.

Entre os membros do G20, somente a Argentina, com um passado conflituoso na organização, mostrou a mesma hesitação em implementar as mudanças.

Sem o apoio dos Estados Unidos, que contam com 16,7% do direito a voto, as mudanças na distribuição de poder dentro do organismo, tal como foram acordadas em 2010, ficarão em ponto morto.

"Meu objetivo é me aproximar o máximo possível da meta", declarou no final de julho a diretora-gerente do FMI, Christine Largarde, que admitiu que a aprovação de uma mudança do peso dos Estados-membros no Fundo ainda está longe de ser concretizada.

A data limite para aprovar a reforma é a cúpula anual que será realizada entre 12 e 14 de outubro em Tóquio e segundo anunciou o Fundo na segunda-feira, a reforma das quotas foi ratificada por 102 países, que ostentam 65,9% dos votos, mas são necessários 85% para revisar a fórmula de representação por país.

Segundo a distribuição atual, a China, a segunda economia mundial, tem apenas 3,8% do poder de voto do organismo com sede em Washington, enquanto a Itália possui 3,1%.

Com a aplicação da reforma, a China dobraria seus aportes e sua representação para 6%.

"Estamos satisfeitos com os importantes progressos realizados para a reforma das quotas e do mecanismo de governança e pedimos aos países restantes para que completem rapidamente os passos que faltam", disse à AFP um porta-voz do FMI.

Ele explica que, atualmente, o estancamento deste processo se deve aos Estados Unidos, que foi um de seus principais promotores na cúpula do Seul em 2010, onde criticou a super-representação dos países europeus.

"É um pouco irônico ver que o país que impulsionou estas reformas está atualmente bloqueando-as de fato", explicou à AFP Domenico Lombardi, ex-membro do conselho de administração do FMI.

Segundo o ex-funcionário do organismo, Washington resiste sobretudo a reforçar o peso da China devido às crescentes diferenças entre os dois países em matéria comercial.

Contudo, muitos especialistas apontam que também existe uma resistência do governo atual na hora de enviar esta reforma ao Congresso para sua tramitação, em um ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos.

"Um setor dos representantes americanos possui muita desconfiança em relação ao FMI", explicou uma fonte do organismo internacional.

Para Bessma Momani, especialista em Ciências Políticas da Universidade de Waterloo no Canadá, o FMI está cada vez mais no primeiro plano e o Congresso americano poderia transformá-lo em um assunto de política interna.

Segundo a acadêmica, a reforma do FMI pode não ser realizada se o republicano Mitt Romney ganhar as eleições presidenciais no dia 6 de novembro.

O Departamento do Tesouro americano não quis comentar à AFP a postura de Washington.

Uma fonte do governo reiterou, contudo, pedindo anonimato, o compromisso do governo em realizar a reforma do FMI em 2012.
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