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Assessor de Ciro Nogueira teria recebido propina da Odebrecht

O nome de Lourival Ferreira aparece 11 vezes na planilha ao lado de cifras que chegam a R$ 6 milhões e os codinomes “Piqui” e “Aquário 2”, vinculados ao senador piauiense.

Uma planilha da transportadora de valores que operou para a Odebrecht em São Paulo indica que ao menos 187 entregas de dinheiro a políticos, marqueteiros e agentes públicos foram consumadas na capital paulista, entre setembro de 2014 e maio de 2015. Reportagem feita pelo Estadão, divulgada neste domingo (21), mostra que Lourival Ferreira Nery Júnior, assessor do senador Ciro Nogueira (Progressistas) teria ido a São Paulo para receber dinheiro da empreiteira.

  • Foto: ViagoraCiro NogueiraCiro Nogueira aparece na planilha através de codinomes.

O arquivo entregue à Polícia Federal, que é mantido sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), revela os nomes dos intermediários que teriam recebido propina ou caixa 2 de campanha e os endereços onde os valores delatados há dois anos pela empreiteira foram pagos.

De acordo com o Estadão, o nome de Lourival Ferreira aparece 11 vezes na planilha ao lado de cifras que chegam a R$ 6 milhões e os codinomes “Piqui” e “Aquário 2”, vinculados ao senador piauiense. O local dos pagamentos teria sido um apartamento usado pelo filho do assessor em Perdizes, zona oeste da capital. À PF, dois ex-motoristas da Transnacional, empresa contratada pelo doleiro Álvaro José Novis para fazer os pagamentos da Odebrecht na cidade de São Paulo, reconheceram o prédio como um dos locais de entrega.

A referida planilha é considerada um importante elemento de prova pela força-tarefa da Lava Jato, uma vez que alguns acusados que já foram presos, como o ex-marqueteiro de campanhas petistas João Santana, confirmaram as datas e os valores que estão na planilha em suas delações premiadas.

A reportagem cruzou os dados do arquivo da Transnacional com as planilhas fornecidas aos investigadores pelo doleiro e as que foram apreendidas no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Os 187 pagamentos cujas datas, valores e senhas coincidem estão vinculados a 57 codinomes criados pela empreiteira supostamente para ocultar a identidade do beneficiário final da propina. Somente entre setembro de 2014 e maio de 2015 teriam sido pagos R$ 97,5 milhões em São Paulo.

Outro lado

O advogado de Ciro Nogueira, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que as acusações são infundadas e que devem ser rejeitadas pela Justiça.

“Sou advogado em vários inquéritos no Supremo com êxito, conseguindo o não recebimento de denúncias exatamente contra esse tipo de delação. São delações sem nenhum tipo de comprovação. É a palavra do delator. Estamos num momento interessante de fazer o enfrentamento dessas delações que foram feitas sem nenhuma responsabilidade e homologadas sem que o Poder Judiciário tivesse exercido o poder real de controle. Até agora, de seis denúncias que foram feitas no STF, conseguimos rejeitar cinco. Então, eu não tenho nenhuma preocupação com essas delações. São delações que serão literalmente desprezadas pelo Poder Judiciário na hora de fazer o enfrentamento técnico.”

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