Covid-19: Vacina brasileira tem como alvo variantes da doença
Os pesquisadores reuniram os últimos documentos para que um projeto de vacina 100% nacional tenham testes em humanos, a partir do ano que vem.
A equipes do CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), continuam trabalhando na imunização da população contra a evolução genética do coronavírus. Os pesquisadores reuniram os últimos documentos, para que um projeto de vacina 100% nacional tenham testes em humanos, a partir do ano que vem.
A vacina mineira, SpiN-TEC, começou a ser desenvolvida em 2020, quando não tinham números de variantes. O cenário epidemiológico variou diversas vezes, com os casos provocados pelas novas versões do SARS-CoV-2, cada vez mais transmissível pelas mutações.
O coordenador de desenvolvimento da vacina, Ricardo Gazzineli, afirma que caso os estudos comprovem a eficácia da vacina brasileira, ela deve se juntar ao time das vacinas de segunda geração, já calibradas para prevenir um vírus que evoluiu após mais de dois anos de contágio. “O que estão chamando de vacinas de segunda geração são vacinas que teriam um espectro de ação mais amplo”, disse.
Ricardo ainda descreve que isso se dá pelo uso da proteína S do coronavírus ancestral e da variante Ômicron em uma mesma vacina, para que sejam criados anticorpos que reajam a ambas. “Essa é uma questão que as agências regulatórias vão começar a exigir a partir de uma hora. O problema é, se quando sair a vacina, já houver uma nova variante”, explicou.
De acordo com o pesquisador, o projeto de SpiN-TEC é interessante, por combinar as proteínas S e N do coronavírus. A proteína N é mais estável e também desperta reação dos linfócitos T, outro mecanismo de defesa do corpo humano, o que dará menos chance de escape às variantes atuais e futuras. Para ele, essas questões continuam a ser importantes, pois a comunidade científica ainda não consegue determinar qual será a necessidade de doses de reforço, nem para quem elas serão necessárias no futuro. A SpiN-TEC poderia ser produzida em parceria com institutos de pesquisa públicos como Bio-Manguinhos e Butantan, ou com empresas privadas. “É uma vacina muito estável. Ela dura duas semanas na temperatura ambiente e seis meses na geladeira, o que facilita muito a distribuição. Ainda mais no Brasil, que tem uma extensão tão grandes áreas que não têm uma infraestrutura tão boa. A proteína é uma proteína recombinante produzida em bactéria, um modelo bem clássico de produção de proteína, um modelo barato. É uma infraestrutura existente no Brasil”, destacou.
Ainda de acordo com Ricardo Gazzineli, ainda será testada a eficácia da vacina, os testes clínicos da SpiN-TEC podem ser até mais rápidos que os das vacinas que precisam esperar um tempo até que uma certa quantidade de voluntários adoeça, para que o grupo com placebo possa ser comparado ao vacinado. “Ela vai ser avaliada pelos marcadores imunológicos. Se ela induzir uma resposta imune forte contra o vírus, esse vai ser um critério importante de seleção para permitir que a vacina avance. Os estudos estão sendo desenhados dessa forma, para desenhar um marcador imunológico para avaliar a eficácia”, frisou o pesquisador.
Com informações Agência Brasil
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