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Meninas de 10 a 14 anos são maioria das vítimas de estupro no Brasil

O levantamento foi realizado com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Datasus), do Ministério da Saúde.

Nesta terça-feira (21), o estudo “Sem deixar ninguém para trás – gravidez, maternidade e violência sexual na adolescência” do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs), vinculado com a Fundação Oswaldo Cruz Bahia (Fiocruz), apontou que a maioria (67%) dos 69.418 estupros cometidos entre 2015 e 2029 no Brasil, tiveram como vítimas meninas com idade 10 e 14 anos.

O levantamento foi realizado com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Datasus), do Ministério da Saúde. Na análise foi constado que adolescentes entre 15 e 19 anos representam 33% do total de vítimas de estupro.

Os dados mostram os tipos de perfil das vítimas, sendo que prevalecem meninas pardas (54,75%), depois aparecem garotas brancas (34,3%), pretas (9,43%) e indígenas (1,2%).

De acordo com a pesquisa, cerca de 62,41% dos autores do crime eram conhecidos das vítimas, e apenas 17,22% de desconhecidos. Observa-se através das notificações reunidas pelo Governo Federal, que o estupro costuma acontecer na casa das vítimas. No total, 63,16% dos episódios se deram nessa condição. Já 24,8% das vezes o local era público, e em 1,39% do estupro aconteceu numa escola.

“Evidencia-se que adolescentes nem sempre encontram na família um lugar de proteção”, disse o estudo.

A gestora do “Projeto Bem Me Quer”, do Hospital da Mulher, psicóloga Daniela Pedroso, afirma que precisa ter em vista que, assim como em relacionamentos entre mulheres e companheiro, em que ele a agride, as emoções das vítimas menores de idade se misturam, quando o agressor é alguém de seu círculo. O agressor causa confusão de sentimentos na vítima, inclusive por propor que ela guarde pra si, como se tratasse de acordo.

“Estamos falando de agressores conhecidos, pessoas que muitas vezes também provêm coisas boas, positivas para essas crianças. Por isso que é tão importante cuidar disso, porque a gente está falando de algo que é tratado pelo agressor sexual como um segredo, algo que não pode ser contado. O abuso sexual da criança é crônico e recorrente. A gente está falando da pessoa que devia protege-la. Esse é um ado que sempre surge e que ainda choca muito, porque é a ambivalência não só do sentimento da criança, mas também da ambivalência do comportamento do agressor”, disse.

A psicóloga também destaca que a qualidade no atendimento é um fator capaz de definir a permanência das vítimas no hospital, conforme as recomendações. De acordo com Daniela, além de oferecer o tratamento de profilaxia, que as protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e tem maior efeito em uma janela de 72 horas após o estupro, o Hospital da Mulher oferece cuidado em outras áreas importantes. São eles o encaminhamento a assistentes sociais, que orientam e acolhem, e as consultas com pediatras ou ginecologistas da equipe do ambulatório e com psicológicos. As vítimas têm direito a ter atendimento mesmo sem apresentar boletim de ocorrência, basta se direcionar à unidade.

“A maneira como elas são recebidas pelo serviço vai impactar não só na adesão ao tratamento como também em todo os processo que passam com a gente”, contou.

Com informações Agência Brasil .

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