A pior tragédia climática que já enfrentamos, diz piauiense que mora no Rio Grande do Sul
O jornalista piauiense mora há 14 anos em Porto Alegre e relatou o cenário que caos vivido pela população.
Há mais de 10 anos morando no Rio Grande do Sul, o jornalista piauiense Magnus Regis relatou em entrevista ao Viagora que nunca havia presenciado tamanha tragédia no estado, que hoje enfrenta as consequências das fortes chuvas.
O assessor de comunicação reside em Porto Alegre, mas é natural de Teresina. Ele descreveu o cenário de caos provocado pelas inundações que arrastaram não apenas casas, mas também sonhos de uma vida inteira. Regis afirmou que quase todo o estado tem sido afetado e o último desastre climático havia sido registrado em 1941.
“Esta é a pior tragédia climática que a gente tem no Rio Grande do Sul, uma coisa que nunca foi vista até hoje na história, o mais recente relato que se tem de inundações que causaram alguma tragédia aqui no Rio Grande do Sul foi de 1941. E o que a gente tem hoje é uma coisa muito maior, uma tragédia que se abateu sobre quase todo o estado do Rio Grande do Sul. Eu estava vendo uns dados e até meio-dia dessa segunda-feira (6), foram 83 mortos, 111 desaparecidos e mais de 121 desabrigados”, explicou.
Segundo o relato do jornalista, da janela do seu apartamento é possível ver o Rio Guaíba com níveis elevados. Apesar da inundação não ter afetado sua moradia, Magnus explicou que está sem energia e água, por isso foi necessário estocar itens considerados básicos.
“Aqui em Porto Alegre, do meu apartamento, eu vejo a cheia do Guaíba, eu vejo o Guaíba invadir a cidade, só que eu moro em uma parte alta, né? Então, é muito difícil da água chegar até ali, Eu estoquei água, é assim que estou fazendo, estou cuidando de casa assim, com a água que eu estoquei, e a própria alimentação também”, afirmou.
Magnus explicou ainda que alguns colegas de trabalho estão em casas de parentes e outros tem famíliares acolhidos em abrigos locais.
"Eu tenho colegas de trabalho que estão na casa de parentes, também tem relato de colegas de trabalho que os parentes estão desabrigados e estão em abrigos, porque aqui não tem como a gente não conhecer alguém ou saber de alguém que foi afetado diretamente pelas cheias. É algo assim, terrível, terrível, terrível. E o pior é que o rio encheu muito rápido. Os técnicos da Universidade Federal estão falando que a água vai demorar para descer. Isso aqui fica muito ruim", disse.
Além do rastro de destruição, a região também tem sido alvo de assaltantes que se aproveitam da vulnerabilidade da situação para roubar jet-ski ou barcos, meios utilizados para resgatar pessoas. O jornalista destacou que a mobilização é primordial para ajudar às vítimas destas enchentes.
“Não bastasse já toda essa dor, esse sofrimento, diante de tudo isso, a gente está correndo o risco da cidade colapsar, ficar sem água e sem luz. E agora, de ontem para hoje, tem aumentado os relatos de pessoas que estão sofrendo violência dentro dessa condição. Como a gente está tendo muita pessoas de jet-ski, de barco fazendo resgate aqui na zona urbana da cidade, a gente está sendo assaltado no próprio jet-ski. Alguém chega lá e diz que está precisando de ajuda, quando chega alguém no jet-ski ou no barco para resgatar a pessoa, o assaltante se revela e leva embora o barco ou o jet-ski da pessoa. Até isso também a gente está enfrentando aqui”, afirmou.
Sobre as inundações
As chuvas tem afetado o estado desde o dia 27 de abril, porém se tornaram mais intensas no dia 29 de abril quando ocorreram inundações, deslizamentos de terra, além disso a ponte sobre o Rio Pardinho, em Rio Pardo, foi levada pela força da água.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou nessa segunda-feira (06) o último boletim que aponta 83 mortes confirmadas e 111 pessoas continuam desaparecidas. Além disso, 364 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes e deslizamentos de terra.
Conforme o levantamento, o número de desabrigados totaliza em 129 mil pessoas que precisam deixar suas casas e cerca de 20 mil delas buscando abrigo em locais seguros e adequados.
Entre as cidades mais afetadas estão Cruzeiro do Sul, com oito mortes, Gramado, com sete, Veranópolis, Caxias do Sul, Lajeado e Santa Maria. Diversos estados estão disponibilizando ajuda humanitária, inclusive o Piauí que vai enviar um contingente de 13 bombeiros militares, sendo dez do Corpo de Bombeiros Militar e três da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP). Além do pessoal, serão despachados dois veículos pick-ups especialmente equipados com instrumentos de resgate, como boias, coletes, cordas, barcos, pás, enxadas e motores de popa. Uma pick-up de apoio e dois barcos também integram o arsenal direcionado para a operação.
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