“A atual gestão é feita para os mais ricos”, diz Pedro Laurentino
Em entrevista ao Viagora, o candidato a prefeito de Teresina pela UP, Pedro Laurentino, criticou o modelo de gestão do PSDB no Palácio da Cidade.
O Viagora está realizando uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Teresina. O entrevistado da vez é Pedro Laurentino, candidato pela Unidade Popular (UP).
Pedro falou sobre suas propostas para a capital piauiense, suas estratégias de campanha e fez críticas à administração do PSDB no Palácio da Cidade.
O candidato afirmou que gestão tucana tem “privilegiado os cidadãos mais ricos” e “excluído os mais pobres”.
“A gestão de Teresina é uma gestão mais para os ricos. A população pobre é excluída, sobra só algumas migalhas. Como eu disse, tem pessoas aqui em Teresina que não tem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus, ou seja, o seu direito de ir e vir é lesado e a prefeitura não dá um passe livre para a pessoa circular. Tem que cadastrar o desempregado, o estudante pobre, para ele circular e ver assegurando o seu direito de ir e vir. Nós temos 80% das casas em Teresina que não tem saneamento básico, e existem milhares de crianças que ainda morrem de verminoses e disenteria em Teresina e no Brasil. Os nossos rios viraram esgoto a céu aberto, nós temos 400 bocas de lobo no rio Parnaíba e no rio Poti despejando dejetos, impurezas, e com isso o rio vai morrendo. Se morre um rio, morre toda a cidade, e a nossa cidade é uma mesopotâmia, ela existe em função desses dois rios. Nós temos 33 mil famílias sem teto em Teresina, e ao mesmo tempo temos 2 mil casas vazias no Centro, e a prefeitura não faz nada. São sintomas de uma cidade que é administrada para os ricos”, declarou.
- Foto: Bruna Leão/ViagoraPedro Laurentino (UP), candidato a prefeito de Teresina.
Para Pedro Laurentino, depois de três décadas administrando a cidade, o PSDB não teria mais o que oferecer para Teresina.
“[O PSDB] quase nada tem para oferecer à cidade de Teresina. Tem coisas que, depois de 35 anos, vão se repetindo. Todo ano dizem ‘vamos fazer galeria na zona Leste’, e qualquer chuvinha que dá é um alagamento na cidade de Teresina. É uma promessa atrás de outra que não se realiza, não se cumpre essas promessas. E agora estão falando em coisas novas, Hospital da Mulher. Há quantos anos o Firmino fala do Hospital da Mulher, e esse Hospital da Mulher nunca saiu? Esse hospital é necessário. Agora vão fazer uma muralha, diz o secretário, o candidato, que vai fazer uma parafernália, uma muralha tecnológica que vai detectar os assaltos, a violência. Teresina já tem muralha demais, muralhas sociais. A gente precisa de pontes que liguem as pessoas mais pobres, desassistidas, à oferta de bens de serviço da cidade”, comentou.
Segundo ele, apesar de a atual gestão enfatizar a nota obtida pela cidade no IDEB, o índice não reflete a realidade da educação pública municipal em Teresina.
“A prefeitura usa o IDEB para referendar como melhor índice, mas não vou discutir o IDEB. Provavelmente seja o melhor IDEB, mas é porque também as outras capitais devem ser bastante ruins. Tem outros índices que a prefeitura esconde, como o IDH. Você não mede só a educação, você mede a renda, indicadores sociais importantes, e nesse índice Teresina é a penúltima capital do Nordeste, e uma das últimas do Brasil. Essa questão do índice [do IDEB], a prefeitura utiliza muito de acordo com a sua conveniência. Para você realmente medir isso de maneira correta, olhe paras as ruas, olhe para as crianças praticando malabarismo nos sinais. Por que elas não estão na escola? Por que o filho do secretário nunca estudou numa escola pública que ele diz que é tão boa? Na nossa opinião, escola de qualidade é aquela que funciona em tempo integral, e aqui é muito pouco”, opinou.
- Foto: Bruna Leão/ViagoraO candidato da UP pretende realizar um plebiscito para mudar o nome da Avenida Marechal Castelo Branco.
Em entrevistas anteriores, Pedro afirmou que, se eleito, pretende realizar um plebiscito para mudar o nome da Avenida Marechal Castelo Branco. Sobre isso, o candidato afirmou que a intenção é questionar a homenagem a quem teria “instaurado a ditadura militar”.
“O plebiscito é necessário, está na lei que para você mudar qualquer nome de rua na cidade ele é preciso. Muitas pessoas dizem ‘mas não tem coisas mais prioritárias?’, mas tudo é prioridade, a memória também é prioridade. Se você for na Alemanha, você não vai ver nenhum monumento em homenagem a Hitler, também não ver na Itália um em homenagem a Mussolini. No entanto, aqui no Brasil, existem esses monumentos aos ditadores, como o Marechal Castelo Branco. Ele foi quem comandou o golpe de 1964, fechou o Congresso, destituiu o presidente legítimo, instituiu uma ditadura de 21 anos. Ele é homenageado por quê? O que ele fez para ser homenageado? Ele rasgou a Constituição. [Queremos mudar] ainda mais porque é em uma avenida que está o parlamento do Piauí, tanto a Assembleia Legislativa quanto a Câmara Municipal. A nossa proposta é homenagear Esperança Garcia, uma piauiense escrava, e é considerada a primeira advogada negra do Brasil”, explicou.
Questionado sobre um possível apoio no segundo turno, Pedro Laurentino comentou que o partido tem trabalhado para estar no pleito, mas que discutirá um apoio caso não consiga.
“Nós estamos trabalhando para ir para o segundo turno, não chegando a gente vai discutir. [Gostaria de disputar com] o Kleber Montezuma. Gostaria muito de encontrar com ele [no segundo turno] frente a frente, emendar o bigode com ele”, finalizou.
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