Aeroporto de Teresina é arrematado por R$ 754 milhões em leilão
O processo de concessão do aeroporto de Teresina para a iniciativa privada prevê um investimento de R$ 302 milhões ao longo de 30 anos.
Nessa quarta-feira (07), a Companhia de Participações em Concessões do grupo CCR arrematou dois dos três lotes, os da região Sul e Central, no primeiro da série de três leilões de concessões em infraestrutura aeroportuária que o Ministério da Infraestrutura batizou de InfraWeek.
No total, o governo federal arrecadou R$ 3,3 bilhões nos leilões. A CCR foi responsável pelo maior lance, de R$ 2,1 bilhões, pelo bloco Sul, composto por nove aeroportos na região Sul do país, incluindo os de Curitiba e Foz do Iguaçu, ambos no Paraná.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Aeroporto de Teresina.
A oferta equivale a um ágio de 1.534,36% e ao dobro da segunda proposta, feita pela espanhola Aena, que ofereceu R$ 1,05 bilhão. O bloco teve ainda um terceiro interessado, Infraestrutura Brasil Holding, que ofereceu R$ 300 milhões.
A concessão inclui os aeroportos Navegantes (SC), Londrina (PR), Bacacheri (PR), Joinville (SC), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS), além de Curitiba e Foz do Iguaçu. O contrato prevê investimentos de R$ 2,85 bilhões. A CCR levou também o bloco Central, com proposta de R$ 754 milhões, ágio de 9.156%.
Nesse bloco, para o qual também foram feitas outras duas propostas, estão os aeroportos de Goiânia (GO), São Luís e Imperatriz (MA), Teresina (PI), Palmas (TO) e Petrolina (PE). O processo de concessão do aeroporto de Teresina para a iniciativa privada prevê um investimento de R$ 302 milhões ao longo de 30 anos.
Destes, R$ 64 milhões serão gastos apenas com desapropriações. A estimativa é que uma área de 30.832 m² seja desapropriada para adequação e obras. A francesa Vinci, que administra o aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, ficou com aeroportos da região Norte.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, destacou o resultado positivo, principalmente em meio à pandemia, é uma vitória do presidente Jair Bolsonaro e reforça a agenda liberal do governo.
Conforme o ministro, o valor arrecadado refere-se à parcela da outorga que será paga à vista. Os contratos preveem ainda o pagamento de outorga variável a partir do quinto ano de concessão e investimentos mínimos de R$ 6,1 bilhões.
O diretor-presidente da CCR, Marco Cauduro, disse em entrevista após o leilão, que os elevados ágios refletem a avaliação da empresa sobre o potencial de crescimento do tráfego nos aeroportos, que considerou também a possibilidade de sinergia na movimentação de cargas com outras concessões de infraestrutura da empresa.
A surpresa da disputa foi a proposta da francesa Vinci pelo bloco Norte, que tem como principal ativo o aeroporto de Manaus (AM), por onde por onde escoa boa parte das exportações realizadas pela Zona Franca.
O grupo francês, que já opera o aeroporto de Salvador (BA), ofereceu inicialmente R$ 420 milhões pelo bloco, contra R$ 50 milhões do consórcio Aerobrasil, grupo que administra o aeroporto de Belo Horizonte junto com os operadores Zurich Airport International (Suíça) e Munich Airport International (Alemanha).
O novo concessionário terá ainda de gerenciar e investir na melhoria dos aeroportos de Porto Velho (RO), Rio Branco e Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga e Tefé (AM) e Boa Vista (RR). O compromisso de investimento será de R$ 1,4 bilhão.
Para o grupo francês, a região amazônica representa uma sinergia com sua operação na Guiana Francesa, que tem voo direto para Paris. A empresa vê em Manaus potencial para a implantação de um hub de interligação entre as Américas como o aeroporto do Panamá.
O presidente da Vinci Airport, Nicolas Notebaert, em vídeo gravado em português, disse que a entrada do grupo na região Norte está atrelada a uma estratégia de consolidar a atuação do grupo no Brasil e na América Latina, além de estimular "aeroportos verdes", que respeitem políticas ambientais.
Os contratos de concessão leiloados nesta quarta têm duração de 30 anos. O ministro da Infraestrutura disse que os investimentos podem ficar acima dos previstos, caso os novos concessionários descubram outras oportunidades de negócios.
Nesta quarta, Bolsonaro e representantes da área econômica, como o ministro da Infraestrutura, participam de jantar com empresários e banqueiros, em uma tentativa de reaproximação. Gomes disse que o resultado do leilão será levado como exemplo de avanço na agenda liberal.
Nesta quinta e sexta-feira, dias 7 e 8, o governo federal leiloará ainda a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste Leste) e cinco terminais portuários. Pelas estimativas do Ministério da Infraestrutura, os projetos desta fase de concessões públicas têm potencial para gerar 200 mil empregos diretos e indiretos.
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