Minha filha era estudiosa e queria ajudar a família, diz mãe de Janaína Bezerra

Muito emocionada e clamando por justiça, Maria do Socorro Nunes, mãe da estudante de jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Janaína da Silva Bezerra, de 21 anos, que foi encontrada morta nas dependências da instituição em Teresina falou sobre perda da filha de forma cruel e violenta.

Ao  Viagora, a mãe da vítima revela que chegou a pedir para que a filha não saísse de casa naquela noite. Ao saber da notícia na manhã de sábado (28), imaginou que Janaína estivesse apenas passando mal, no entanto, encontrou sua filha morta.

“Ela disse ‘mãe eu vou sair para uma festinha, vou ajudar uma coleguinha’ eu pedi tanto, a tia dela pediu pra ela não ir. Fui ao hospital pensando que ela estava desacordada, ela tinha problema de pressão, pensei que estivesse internada. Cheguei e minha filha estava morta? Minha filha tem pai, tem mãe, tem família, não era pra isso ter acontecido com a minha filha”, disse a mãe muito emocionada. 

Maria do Socorro ainda destaca que sua filha sempre foi muito estudiosa e esforçada, estava sempre lendo ou escrevendo. Sendo a primeira da família a entrar na Universidade, viu-se a necessidade de um notebook para auxiliar nos estudos. Dessa forma, juntas, mãe e filha, vendiam bolo de pote e ‘dindin’ para arcar com as despesas. O desejo de Janaína era ajudar a família. 

“Nós pedimos ajuda para comprar, vendemos bolo no pote. Na época fomos em todas as lojas para tentar tirar, mas não era possível porque nossa renda era baixa. Eu fiquei tão triste. E minha filha foi e me ajudou até a gente poder comprar. Ela ficou tão satisfeita por poder estudar, minha filha era estudiosa e queria ajudar a família. E agora eu vou continuar o pagamento do notebook sem ter ela aqui”, ressaltou a mãe de Janaína. 

O pai da estudante, Adão Bezerra Nascimento, pede justiça pelo crime brutal que ceifou a vida de sua filha. O mecânico ressalta que a UFPI já possui um histórico de insegurança, somando assaltos em paradas de ônibus e até invasão à sala de aula, e que é necessária uma maior fiscalização do trânsito de pessoas no espaço universitário. 

“A pessoa quando vai para uma universidade, ou qualquer órgão público tem que saber quem vai entrar. Como uma Universidade Federal aceita um elemento desses? E lá tem gente ruim e tem gente boa. Minha filha se foi. Imagina se ele é solto? Vai matar mais gente. Tem que ter uma justiça, tem uma pessoa pra ajudar, pra me dar uma força, pra conseguir uma coisa, não pode ficar impune isso não.”, finalizou o pai de Janaína. 

Sobre o crime 

A estudante de jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Janaína da Silva Bezerra, de 21 anos, foi encontrada morta dentro da instituição no campus de Teresina na manhã do último sábado (28).

Conforme a polícia, Janaína Bezerra foi abusada sexualmente e teve o pescoço quebrado após uma calourada na instiuição.

O Instituto de Medicina Legal do Piauí emitiu a Declaração de Óbito da estudante, onde a causa da morte aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte.

Segundo a legista, a ação contundente pode ter sido causada por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso.

Suspeito preso

Nesse domingo (29), a juíza de plantão Haydee Lima de Castelo Branco decretou a prisão preventiva de Thiago Mayson suspeito de estuprar e matar a estudante de jornalismo.

Em depoimento à Policia Civil, o suspeito afirmou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele disse que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.

A polícia informou que o suspeito disse que permaneceu ao lado do corpo da vítima durante toda a madrugada e solicitou socorro à segurança da Universidade por volta das 9h, que conduziu a vítima ao Hospital da Primavera, onde foi constatado o óbito.