Quadrinho retrata história da primeira advogada do Brasil Esperança Garcia
A HQ A Voz de Esperança Garcia conta a história da mulher escravizada que se destacou pela luta contra o racismo e por direitos humano.
O Governo do Piauí divulgou para a população a oportunidade de conhecer a HQ A Voz de Esperança Garcia, que retrata através dos quadrinhos, a história de Esperança Garcia, mulher escravizada que se destacou pela luta contra o racismo e por direitos humanos. A obra foi idealizada pelo escritor e pesquisador piauiense João P. Luiz, o "Pikachu", em parceria com o quadrinista Bernardo Aurélio.
Segundo João P. Luiz, os quadrinhos possuem potencial de atingir públicos diversos, incluindo aqueles que não teriam acesso a livros tradicionais. A história registrada em livros quando retratada dessa forma garante ainda mais acessibilidade.
"Quando criamos a HQ de Esperança Garcia, foi para ela ser uma opção mais acessível. Eu acredito muito no poder da linguagem e da literatura, e vejo o quadrinho como uma forma mais próxima da população, que chega mais rapidamente, contando uma história de maneira envolvente. Eu queria fazer um livro, mas percebi que o quadrinho seria mais democrático, alcançando lugares onde o livro tradicional não chega, como nas mãos de uma criança ou de um jovem leitor", explica o escritor.
O autor afirmou que seu objetivo é tornar a história mais conhecida pelo Piauí e até em outros estados, como Minas Gerais, onde ele apresentou a HQ, mesmo após quase dois anos do seu lançamento. A obra foi pensada especialmente para pessoas negras e comunidades periféricas, como uma oportunidade de conhecerem a história de Esperança Garcia e se conectarem com sua luta.
João explicou que Esperança Garcia não é apenas a primeira advogada do Brasil, mas também uma mulher que mudou a forma como a escravidão foi percebida no país. "Ela não é só a primeira mulher negra que se manifestou sobre literatura no Brasil, mas também foi a pioneira na luta contra a escravidão e o machismo. Ela não é só uma figura histórica, é uma voz que desafia o racismo", destaca o pesquisador.
Sobre Esperança Garcia
Pesquisadores apontam que Esperança Garcia era natural de Oeiras, então capital do Piauí, propriedade de padres jesuítas. Esperança Garcia possivelmente aprendeu a ler e escrever Português com os padres jesuítas catequizadores. Casou-se aos 16 anos e teve seu primeiro filho. Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, ela foi transferida para terras do capitão Antônio Vieira de Couto.
Longe do marido e dos filhos maiores, em sua luta para se unir à família, denunciando as violências que sofria, Garcia escreveu uma carta ao Governo do Piauí, datada de 6 de setembro de 1770, na qual narra os abusos sofridos, reivindicando justiça. O documento histórico é uma das primeiras cartas de Direito que se tem notícia. É um símbolo de resistência e ousadia na luta por direitos no contexto do Brasil escravocrata no século XVIII, mais de cem anos antes de o Estado brasileiro reconhecê-los formalmente.
Mulher negra escravizada, Esperança Garcia foi reconhecida como a primeira advogada piauiense em 2017 pela OAB/PI. Em novembro de 2022, o Conselho Federal da OAB reconheceu Esperança Garcia como a primeira advogada do Brasil. Em maio de 2023, um busto em homenagem a ela, reconhecida como a primeira advogada do país, foi inaugurado na sede do Conselho Federal da OAB, em Brasília, e também na sede da seccional da ordem no Piauí.
Por: Jéssica Borges
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