Filho do prefeito Dióstenes Alves é denunciado por extorsão
O Ministério Público Estadual do Piauí (MPE-PI), através do promotor de justiça Luciano Lopes Sales, ofereceu denúncia contra Marcos Dióstenes Amaral Alves e Igor Gabriel de Oliveira Araújo (ex-policial militar) acusados de terem cometido crime de extorsão (art. 158 do CBP). A denúncia foi encaminhada no dia 23 de outubro de 2018 para a vara única da comarca de Avelino Lopes. Marcos Dióstenes é filho do prefeito Dióstenes Alves de Avelino Lopes.
De acordo com a denúncia, a empresa Sirenze Construções Ltda. ganhou licitação da prefeitura de Avelino Lopes para construção de uma creche e cobertura de um ginásio poliesportivo com recursos advindos do FNDE. Logo após a empresa receber o pagamento de R$ 180 mil da prefeitura em janeiro de 2016, os sócios da construtora Raimundo de Santana Rocha e Lilian de Castro Rocha foram vítimas de extorsão por parte de Marcos Dióstenes e Igor Gabriel, onde fora exigido o repasse da parcela emitida pela prefeitura.
- Foto: DivulgaçãoMarcos Dióstenes
Os empresários denunciaram o fato ao Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) que estavam sofrendo ameaças e crime de extorsão. Foi aberto inquérito policial para averiguar o caso.
O empresário Raimundo de Santana disse em depoimento que “é procurador da empresa de sua filha a Sra. Lilian de Castro Rocha e que após ter sido vencedora em duas licitações no município de Avelino Lopes-PI, a empresa Sirenze Construções Ltda., iniciou a construção de uma creche e a cobertura de uma ginásio poliesportivo. Desde então, o prefeito de Avelino Lopes-PI, Dióstenes José Alves passou a assediá-lo propondo a vítima que deixasse de prosseguir com as obras (valor aproximado de R$ 1.200,000,00 – um milhão e duzentos mil reais – da creche e mais R$ 126.000,00 – cento e vinte e seis mil reais – da cobertura do ginásio) e que apenas lhe fornecesse as notas fiscais dos serviços sem a execução, e em contrapartida o prefeito lhe pagaria 10% dos valores contratados.”
Após abertura do inquérito, Raimundo de Santana e sua família passaram a sofrer com ameaças do prefeito e de seu filho. No dia 28 de fevereiro de 2016, Marcos, Igor e outra pessoa invadiram a casa de Lilian de Castro à sua procura. Ao saber do ocorrido, Raimundo foi para a casa da filha e ao chegar lá foi ameaçado de morte e foi pressionado para que desistisse das obras no município.
Em depoimento à polícia, Lilian disse que estava sendo pressionada por Marcos para fechar um acordo sobre os contratos da empresa no município. Diante da recusa em aceitar o acordo proposto pelo prefeito Dióstenes, Lilian e seu pai foram ameaçados várias vezes de morte caso não aceitassem fechar o acordo.
Na acusação do MP, consta o depoimento de Marcos onde o mesmo relata que “o ex-policial militar Igor Gabriel o acompanhou até a residência da vítima Lilian e que chegou até a almoçar junto com Igor Gabriel confidenciando ao mesmo a situação financeira das referidas obras em andamento na cidade de Avelino Lopes.”
Defesa
Igor disse em depoimento “que afirma não se recordar de ter praticado o evento criminoso acima descrito e que não conhece as vítimas citadas no processo, nem tampouco possui qualquer tipo de contato ou relacionamento com Marcos Dióstenes.”
Marcos alegou que não houve cobrança de valores ou ameaças aos empresários. Ele tinha apenas conhecimento de que as obras estavam atrasadas, mesmo com os pagamentos em dia.
“A função do acusado MARCOS DIÓSTENES foi apenas levar os demais acusados ao local, e não disse sequer uma palavra contra os denunciantes, não passando de uma denúncia caluniosa as imputações oferecidas pelo casal, com vistas a se isentarem de qualquer meio de cobrança em relação aos atrasos na obra que aliás, ainda hoje não foi finalizada mesmo com esses fatos tendo ocorrido em janeiro de 2016”, destacou a defesa.
A defesa afirmou ainda que a empresa Sirenze Construções estava em dificuldades financeiras e enfrentava problemas com a falta de pagamento dos funcionários, o que justificava o interesse dos agentes públicos do município em cobrar o andamento das obras.
Outro lado
O blog procurou os acusados para falarem sobre o caso, mas até o fechamento da matéria eles não foram localizados.
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A ação civil pública, com pedido de tutela provisória, foi enviada no dia 03 de junho para o juízo da 2ª vara da comarca de Campo Maior.
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